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Diretório Litúrgico para o Tempo da Quaresma | Congregação Para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos


DOM VICTOR GABRIEL CARDEAL SANTOS
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
CARDEAL-BISPO DI SABINA POGGIO-MIRTETO E ÓSTIA
SECRETÁRIO DE ESTADO DO VATICANO
DECANO DO SACRO COLÉGIO CARDINALÍCIO
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS

A todos aqueles que este diretório alcançar, de modo especial,
a todos os irmãos bispos, presbíteros, diáconos e
leigos das pastorais litúrgicas,
saudação no Senhor Jesus.
 
1. “Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa” (Lc 22,8): é a ordem do Senhor para que nos preparemos para a celebração de sua passagem. Cristo, concluindo sua vida terrena passa pela morte e, rompendo os infernos, ressuscita vitorioso. Este evento, a Igreja celebra anualmente com a celebração da Páscoa do Senhor. Porém, "o Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?" (Lc 22, 11). E então: onde está a sala? Ou melhor, como está a sala? Como está o nosso próprio ser para a celebração da nossa Salvação? É nesse espírito que a Mãe Igreja nos convida para, durante os 40 dias anteriores a celebração do grande Tríduo Pascal, um tempo forte de oração, jejum e caridade, convertendo-nos e acreditando no Evangelho.
 
Tempo das Celebrações

2. O tempo da Quaresma que se iniciará na próxima Quarta-Feira de Cinzas. A Quaresma compreende 44 dias, desde o começo da Quarta-Feira de Cinzas até a tarde da Quinta-Feira Santa - pois quando cair a tarde daquela quinta-feira se iniciará o dia da Paixão do Senhor, com a Missa Vespertina na Ceia do Senhor, abrindo o tríduo Pascal [1].

3. A Quaresma se divide em dois períodos: o primeiro trata sobre o tema da conversão propriamente dito e se estende das Cinzas até o IV Domingo da Quaresma. A partir do V Domingo se inicia a segunda parte, onde vamos ver os acontecimentos que levaram Jesus a morte, a fim de os refletirmos. Neste período, o próprio prefácio usado nas celebrações é o da Paixão do Senhor.
 
Quarta-Feira de Cinzas

4. Este ano em 22 de fevereiro celebramos a Quarta-Feira de Cinzas. Este é um dia de jejum e abstinência obrigatórios. Na missa, conforme rito a ser publicado, os fiéis recebem as cinzas. As cinzas também podem ser distribuídas fora da missa, em celebração da Palavra.                   

5. Somente os sacerdotes abençoam as cinzas, mas elas podem ser impostas por qualquer ministro.

6. Neste dia não é lícito a nenhum bispo usar mitra com detalhes. A mitra deve ser totalmente branca, sem detalhes. Os cardeais podem usar a mitra simples dos cardeais - também completamente branca. O Santo Padre usa a mitra branca com detalhe dourado ou prateado. Não se usa mitra bege, roxa, dourada, ou com qualquer detalhe, unicamente branca. Neste dia, ainda, os bispos podem usar, normalmente, cruz peitoral, anel e báculo, bem como o pálio aos arcebispos. Nos outros dias da quaresma usa-se a mitra como de costume, a não ser que antes for realizada a procissão penitencial [2].
 
Ornamentação do Espaço Celebrativo

7. No Tempo da Quaresma é proibido ornamentar com flores o altar. Excetuam-se, porém o domingo Laetare (IV da Quaresma), solenidades e festas [3]. Por isso, é terminantemente proibido usar qualquer tipo de flor no templo ou no espaço onde for ocorrer uma celebração. Contudo, se for o IV domingo da Quaresma, dia do padroeiro, Solenidade, Festa, ordenação, pode-se ornamentar o altar com poucas flores, de modo discreto.  Para tal, não recomendamos flores esplendorosas. Recordamos que, as igrejas onde, durante a Quaresma, encontrarem-se flores fora dos casos previstos, receberão notificações.

8. Há um antigo costume em alguns lugares de, nestes dias, colocar tapetes mais simples nas igrejas. Embora não obrigatório é louvável.

9. Observa-se no Vaticano o costume de, durante a Quaresma, usar objetos litúrgicos mais simples. Este costume pode ser trazido para a nossa realidade, e é louvável que o seja.

10. Embora a simplicidade, durante qualquer missa da Quaresma pode usar-se incenso e Evangeliário, recomendados especialmente aos domingos. Usa-se, ainda sobre o altar ou perto dele, duas, quatro ou seis vela, ou ainda sete, se o bispo diocesano presidir.

11. Mantém-se, ainda, as imagens do Senhor Crucificado ou de seu Sagrado Coração, como de costume e necessário para a Eucaristia.
 
"Velatio"

12. A rubrica contida após a missa do Sábado da IV Semana da Quaresma diz: "Pode-se conservar o costume de cobrir as cruzes e as imagens da igreja, a juízo das Conferências Episcopais. As cruzes permanecerão veladas até o fim da celebração da Paixão, na Sexta-Feira Santa. As imagens até o início da Vigília Pascal" [4].

13. As imagens e cruzes podem ser veladas no sábado que antecede o V Domingo da Quaresma - este ano 25 de março. Não é lícito velar as imagens antes, que nem mesmo no rito extraordinário, onde este ato é obrigatório.

14. As cruzes permanecerão veladas até o fim da celebração da Paixão. As imagens permanecerão veladas até antes da Vigília Pascal.
                  
15. Para as igrejas onde celebra-se o rito extraordinário, o Missal Romano apresenta nas rubricas do sábado antes do I Domingo da Paixão a seguinte rubrica: “Antes das Vésperas, cobrem-se as Cruzes e Imagens que haja na igreja. As Cruzes permanecem cobertas até ao fim da adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, e as Imagens até ao Hino dos Anjos (Glória a Deus nas Alturas) no Sábado Santo”
 
Aleluia

16. Em todas as missas e ofícios, omite-se o Aleluia, desde a Quarta-Feira de Cinzas até a Vigília Pascal, exclusive [5].

17. Na Quaresma, em vez do Aleluia canta-se o versículo antes do Evangelho que vem no Lecionário. Também se pode cantar outro salmo ou tracto, como se indica no Gradual” [6].
 
Dedicações

18. As dedicações são celebradas de paramentos festivos, com leituras e orações próprias. Estão proibidas na Quarta-Feira de Cinzas e nos dias da Semana Santa [7].
 
Ordenações

19. Quando celebradas num dia de Festa de um Apóstolo, em uma Solenidade ou num domingo da Quaresma, a ordenação utiliza leituras e orações próprias do dia [8]. A cor litúrgica pode ser a própria do dia ou branca ou festiva [9]. Nos domingos, não se entoará o Hino de Louvor.

20. Nos dias de semana da Quaresma se celebrará a Ordenação como de costume.
 
Memórias, Missas Rituais, Votivas e pelos Defuntos

21. As memórias obrigatórias celebram-se integralmente e as facultativas utiliza-se apenas a Oração do Dia [10].

22. As Missas rituais, estão ligadas à celebração de certos Sacramentos ou Sacramentais. São proibidas nos domingos da Quaresma, nas solenidades e nos dias feriais da Quarta-Feira de Cinzas e da Semana Santa [11].

23. Em caso de verdadeira necessidade, pode-se utilizar uma das missas para diversas necessidades em qualquer dia da Quaresma, normalmente de paramentos roxos ou brancos, a não ser que se indique outra coisa. Não se pode celebrar, porém, nos domingos, solenidades, na Quarta-Feira de Cinzas ou na Semana Santa [12]. O mesmo aplica-se para as missas votivas.

24. Aos sábados, pela manhã, pode-se celebrar a memória da Virgem Maria, com os textos próprios para celebrações de Nossa Senhora na Quaresma.
 
A Piedade Popular

25. Sobretudo no tempo da Quaresma é muito recomendável que se celebre as estações romanas, principalmente sob a presidência do Pastor da diocese. Duma igreja onde todos se reúnem, partem em procissão cantando a ladainha de todos os santos e seguem até uma outra igreja, onde pode-se realizar uma vigília de oração ou a própria missa. Nesse caso, a saudação se fará antes da procissão e, ao chegar na igreja, tendo encerrado a ladainha, se dirá a Oração do Dia.

26. Estimule-se ainda a Via-Sacra, a Adoração, a recita do Terço (meditando os mistérios dolorosos), o terço da misericórdia, e ainda outras procissões e celebrações da piedade popular durante a Quaresma.
 
Conclusão

27. Preparando-nos neste tempo catecumenal para renovar o nosso Batismo na grande Páscoa do Senhor, onde tudo se faz novo, que cada membro da Igreja possa olhar para o seu interior e encontrar onde é necessária a conversão, onde tudo precisa ser renovado em Cristo Jesus. Deste modo, por meio da penitência, do jejum e da caridade nos unimos ao Senhor sofredor, ao Filho unigênito, que tão cheio de amor por nós aceitou sofrer por nós pecadores e ser pregado no madeiro da cruz. Neste deserto espiritual, neste caminho do êxodo, acompanhe-nos o patrocínio da Senhora das Dores.

Dado e passado em Roma, na sede da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, no décimo sétimo dia do mês de fevereiro de 2023.

✠ Victor Gabriel Cardeal Santos
Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos