A todos que este decreto lerem, paz, saúde e benção vos sejam concedidas da parte de Deus, nosso Pai.
Ao sermos batizados, somos chamados a iniciar uma nova vida de conversão, começando com a aceitação do plano de Deus. Então, podemos ter certeza de que nosso processo de conversão começa quando estamos prontos para assumir o compromisso com o reino que Jesus estabeleceu, mudando nossa mentalidade e participando efetivamente da missão que Jesus nos designou. Somos chamados, a todo instante, a anunciar a salvação de Jesus em todos os lugares.
Assim como Jesus formou seus discípulos, ensinando-os sobre o Pai e seus mistérios, para que eles pudessem espalhar as boas novas da salvação para o mundo (cf. Lucas 9, 1–6), somos também chamados a cumprir com a nossa missão de evangelizadores. Sabemos que somos incapazes, porque nossos corações estão cheios da vulnerabilidade do pecado, porém, os discípulos e apóstolos também eram pecadores. Jesus não escolheu os melhores, mas ao caminharem com o Mestre, descobriram o sentido de suas vidas e se adaptaram para serem colaboradores segundo o plano de Deus. Portanto, nós que vamos a Jesus para ouvi-lo e aprender seus ensinamentos também precisamos nos deixar curar e nos esvaziar para que possamos ser enviados a proclamar o reino de Deus ao mundo.
Jesus, enquanto nos chama para evangelizar, nos mostra a maneira que devemos fazer isto. “Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas” (Cf. Lucas 9, 3). O que isso significa? Isso significa que precisamos nos privar de nossa comodidade, de nossas próprias opiniões e de qualquer proteção humana para que pensemos apenas em Deus. Jesus nos envia pela graça e poder do Espírito Santo. Portanto, nossa segurança, nossa mentalidade, nossa própria vontade, tudo que chama nossa atenção, o que nos afasta do objetivo de espalhar o amor de Deus no mundo são abandonadas. O que atrai nossos irmãos a conhecer Jesus não é nossa propriedade ou qualquer coisa que possuímos, mas o testemunho de nossas vidas transformadas e nossas ações, inspiradas pela palavra de Deus.
Por isso, voltamos nossos olhares aos irmãos da Ordem dos Cistercienses também conhecida por Ordem de Cister. Observando a vossa vontade de servir a Cristo por meio desta família, o vosso fervor em pregar a palavra de Deus, agradou o Sumo Pontífice, o Papa Paulo III e toda a Igreja, verificar a situação que nos foi apresentada anteriormente para a regulamentar perante Deus e o povo.
Portanto, objetivando que possas cultivar ainda mais em nossa Igreja a pregação da palavra, contemplação, o estudo, a oração, a vida comunitária, juntamente com a devoção à Santíssima Virgem Maria, tendo comprovado que tens todos os requisitos legais solicitados pela congregação responsável pela vida religiosa, e não tendo encontrado nenhum obstáculo na Ordem e em seus membros, DECRETO a abertura canônica da Ordem dos Cistercienses (Ordo cisterciensis, O. Cist.), com todos os direitos e obrigações estipulados no estatuto da mesma.
É um grande desafio pregar o Reino de Deus no mundo de hoje. Os discípulos de Jesus muitas vezes foram objetos de desprezo entre os povos porque insistiam em testemunhar que a felicidade vem do dom do amor e da vida. A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal, missão essa que chega hoje até nós, especialmente para vós, que tens como objetivo levar a Salvação de Cristo aos demais. Exorto a vós que nos momentos de dificuldade, momentos enfrentados também pelos primeiros discípulos de Jesus, possam se consolar com a certeza de que Cristo estará para sempre convosco (cf. Mateus 28, 20).
Sem mais, rogo a Santa Maria Madalena, uma das primeiras pessoas a anunciar a ressurreição de Jesus Cristo, para que interceda por vós, fazendo com que ao seu exemplo, possais anunciar essa ressurreição.
Dado e passado em Roma, junto à sede da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica, ao décimo quarto dia do mês de junho do Ano Jubilar de 2021.
+ Pavlvs, Pp. III
Pontifex Maximus